Quando a Igreja em Jerusalém passou por tempos de carestia e fome, as demais comunidades socorreram os irmãos fazendo uma coleta em prol daquela que passava por grande necessidade.
Nos Atos dos Apóstolos está registrada aquela que foi a primeira coleta solidaria em favor dos irmãos necessitados: “Os discípulos então, decidiram, cada um segundo suas possibilidades, mandar uma ajuda para os irmãos que viviam na Judeia” (At 11,29). Desde então, é costume na Igreja, os fiéis fazerem doações generosas para socorrer as necessidades da comunidade cristã.
Além das coletas nas missas, das ofertas e doações em dinheiro, bens ou alimentos, os fiéis contribuem com a manutenção da Igreja partilhando seu Dízimo mensal. Sabemos que “o dízimo é uma contribuição sistemática e periódica dos fiéis, por meio da qual cada comunidade assume corresponsavelmente sua sustentação e a da Igreja” (O dízimo na comunidade de fé: orientações e propostas, n. 6; Documento 106 da CNBB). Na prática, dioceses e paróquias subsistem das doações de seus fiéis. Sem essa contribuição a Igreja não consegue cumprir a sua missão e executar as suas tarefas pastorais.
Com a pandemia pela qual passamos, que vem se prolongando há mais de um ano, não apenas uma comunidade, mas, de modo geral, todas as nossas paróquias têm enfrentado alguma dificuldade para arcar com suas várias despesas a fim de continuarem oferecendo aos fiéis seus serviços e ministérios, o pão da Palavra e o da Eucaristia, assim como os demais sacramentos da nossa salvação. Em graus diferentes, é claro, mas todas as comunidades eclesiais foram afetadas pela diminuição das doações, recursos dos quais dependem para manter seus funcionários, cumprir suas tarefas pastorais e sua missão evangelizadora.
O distanciamento social afastou muitos irmãos das celebrações. As restrições no início da pandemia fecharam as igrejas por quase quatro meses consecutivos, medida que se repetiu este ano por mais 30 dias. Tudo isso afetou drasticamente as finanças das nossas paróquias.
Outra causa na queda das doações vem do fato da crise sanitária, agravada de uma consequente crise econômica, estar impactando na economia familiar. Alguns ficaram sem o seu trabalho informal por causa do isolamento, outros perderam seu emprego ou tiveram seu salário reduzido, tudo por conta dessa pandemia. Como o dízimo representa uma partilha calculada em percentual sobre o rendimento da pessoa, a consequência imediata está sendo a redução das contribuições.
Contudo, mesmo sentindo a dificuldade em administrar seus recursos bastante reduzidos, as paróquias se organizaram para enfrentar essa pandemia e crise econômica sem deixar que falte a assistência espiritual aos seus fiéis. Adaptando-se ao isolamento social elas organizaram transmissões ao vivo das celebrações, momentos de oração e de formação espiritual; investindo, para isso, na aquisição de novos equipamentos. Também as formas de contribuição com doações e dízimo se ajustaram às novas tecnologias digitais.
Sensível ao sofrimento de muitas famílias, as paróquias se apressaram em organizar ou aprimorar os serviços de assistência aos irmãos empobrecidos. Desde o início dessa pandemia, campanhas estão sendo promovidas pelas paróquias para socorrer os desamparados pela perda do emprego ou do seu trabalho como autônomo em decorrência da paralização da economia.
Pensando toda essa situação pela qual passamos, a Equipe Diocesana da Pastoral do Dízimo propõe para o Mês do Dízimo deste ano, uma reflexão sobre os capítulos 8 e 9 da Segunda Carta aos Coríntios, onde encontramos dois “bilhetes” de São Paulo exortando os cristãos a contribuírem com as necessidades da Igreja de Jerusalém, que passava por grande carestia.
De cada um desses capítulos um versículo inspira o Lema do Mês do Dízimo 2021: “Como dela recebeis a fé, a Palavra e os Sacramentos, cuidai generosamente da vossa Igreja (cf. 2Cor 8,7.9,11)”. O primeiro nos recorda que se da Igreja recebemos com abundância os bens espirituais, como gratidão precisamos partilhar com generosidade os bens materiais. O segundo, retomando a ideia, exorta a prática da partilha como gesto de ação de graças a Deus pelos bens recebidos, materiais ou espirituais.
O texto paulino afirma que a generosidade na partilha dos bens com a Igreja é “ocasião para provardes a sinceridade do vosso amor” (2Cor 9,12) para com Deus e a sua Igreja, a qual, localmente, se concretiza na paróquia frequentada. Pois, “esta ajuda comunitária não só provê às necessidades dos irmãos, mas também faz com que se multipliquem as ações de graças a Deus” (2Cor 8,8).
Para concluir, vale recordar o ensinamento da Igreja sobre as características do dízimo, conforme o Documento 106 da CNBB, do número 7 ao 11. Trata-se de uma experiência de Deus e de amor fraterno. O dízimo é uma resposta ao amor de Deus no amor ao próximo. Ele é um compromisso moral com a Igreja. É uma decisão pessoal que exprime pertença efetiva à Igreja contribuindo conscientemente numa comunidade local. Finalmente, o dízimo é fixado por uma consciência retamente formada pela Palavra de Deus, quando cada membro da Igreja é convidado a partilhar do que tem. “Cada um dê conforme tiver decidido em seu coração, sem pesar nem constrangimento (2Cor 9,7)”. O Dízimo é uma partilha sistemática e periódica, é uma contribuição estável e de modo permanente feita todo mês por amor a Deus e à Igreja.
Equipe Diocesana da Pastoral do Dízimo
Diocese de Taubaté