Início / Como fazer um bom exame de consciência?

Confissão
Sacramento do amor que perdoa!

 

“Procurai o Senhor enquanto é possível encontrá-lo, chamai por ele, agora que ele está perto. Que o malvado abandone o mau caminho, que o perverso mude seus planos, cada um se volte para o Senhor, que vai ter compaixão, e retorne para o nosso Deus, imenso no perdoar”. Is 55,6-7

 

O perdão é a máxima expressão da bondade, da misericórdia e do amor de Deus

 

O perdão é a atitude que mais nos aproxima de Deus. Á Bíblia está cheia de histórias deste gesto divino. Para que haja reconciliação, entretanto, é preciso a participação da pessoa humana. Deus está sempre pronto para perdoar, mas espera que nos aproximemos dele, que corramos ao seu encontro de braços abertos para acolher o seu perdão.

Nos santos evangelhos, é Jesus quem manifesta o perdão do Pai: acolhe Zaqueu, a mulher adultera, Mateus e, na cruz, perdoa os seus inimigos. Jesus ainda ensina seus discípulos a perdoarem, sempre sem restrições, “setenta vezes sete” (Mt 18,22).

Foi aos apóstolos, representados por Pedro, que Jesus conferiu o poder de perdoar os pecados (Jo 20,23).

Assim, Jesus instituiu o Sacramento de Reconciliação como sinal de libertação para a pessoa e de perdão dos seus pecados.

A confissão é uma celebração de alegria, com sabor pascal, que expressa a ação do Espírito Santo.

A graça de Deus, recebida no Batismo, uma vez perdida, é reconquistada pelo arrependimento.

No plano psicológico, a Confissão ajuda a aliviar a angústia, o remorso do pecado que nos atormenta, e a descobrir novos caminhos de libertação e felicidade.

Todas as nossas ações boas ou más, por mais ocultas que sejam, têm repercussão comunitária e social.

 

Hoje a Igreja oferece!

Confissão e absolvição individuais: que devem ser preparadas pela reflexão e confronto com a Palavra de Deus, pelo arrependimento e propósito de uma vida nova. É a forma do sacramento.

Confissão e absolvição comunitária: que exigem as mesmas condições citadas anteriormente. É, contudo, uma forma extraordinária do sacramento e está ligada ao juízo do Bispo.

 

Aliás, são condições indispensáveis para realizar uma boa confissão:

1 – Exame de consciência;

2 – Arrependimento real dos pecados cometidos;

3 – Propósito sincero de conversão;

4 – Confissão dos próprios pecados ao sacerdote que, naquele ato, age na pessoa de Cristo (in persona Christi);

5 – Cumprimento da penitência como demonstração de alegria pelo perdão, amor de Deus que perdoa e disposição para uma vida nova.

 

Aliás, o que é pecado?

O pecado é um ato consciente, voluntário e livre, que ofende o coração de Deus, enfraquece o pecador no seu seguimento de Jesus e torna a comunidade pecadora a sociedade menos parecida com o Reino de Deus.

O pecado expressa nossa falta de amor a Deus e ao próximo. É uma falta contra a razão, a verdade e a reta consciência.

Para que seja pecado é preciso que haja:

1 Liberdade: nada me obriga a fazer isso;

2 Conhecimento: eu sei que isso é pecado;

3 Consentimento: mesmo assim eu quero fazê-lo;

4 Ato: eu faço.

Proposta de Exame de Consciência

É bom encontrar um lugar silencioso, calmo, que favoreça a reflexão, a análise de si mesmo, o reconhecimento.

Uma vez na presença de Deus, o exame de consciência deve começar com a invocação do Espírito Santo, pois só ele é capaz de nos dar os frutos esperados do exame, a perfeita contrição dos nossos pecados e a conversão. Em seguida é bom fazer um ato de humildade, ou seja, é preciso assumir uma atitude de reconhecimento e aceitação de nossas faltas.

A melhor maneira de alcançar a contrição, o arrependimento e a conversão é o confronto da vida com a Palavra de Deus e a Paixão de Cristo, prova máxima de seu amor para conosco. Jesus morreu para nos salvar, e é na sua Paixão que se manifesta toda a misericórdia do Pai.

Dessa forma, o exame de consciência deve ser o confronto de nossos atos e atitudes com algumas balizas da nossa fé, por exemplo: as bem-aventuranças, os mandamentos da Lei de Deus, os mandamentos da Igreja, etc.

 

Algumas questões podem nos ajudar a examinar a consciência!

Eu – Pessoa:

Jesus é o ser humano perfeito, tal como Deus sonhou o ser humano ao cria-lo. Era livre, convicto de suas ideias, comprometido com sua missão, cheio de ternura e misericórdia, aberto e acolhedor para com todos. Não se deixou amedrontar. Foi sempre manso e humilde de coração. Amou a vida, viveu e morreu amando.

1 Amo a mim mesmo?

2 – Reconheço-me filho de Deus, criado à imagem e semelhança?

3 – Busco melhorar-me a cada dia?

4 -Sou orgulhoso, invejoso, desleal com os outros ou procuro viver como cristão ou me deixo levar pela onda do momento ou pela cabeça dos outros, contrariando a minha fé e os meus compromissos cristãos?

5 – Costumo avaliar, à luz da fé, os fatos da vida e o que os meios de comunicação programam?

6 – Procuro ser senhor de minhas paixões ou sou escravo dos meus instintos?

7 – Procuro respeitar o meu corpo que é templo do Espírito Santo? Alimento maus desejos?

 

Eu e Deus:

Jesus viveu sempre unido a Deus, seu Pai; realizou seu projeto de amor para a humanidade, mesmo à custa da agonia e da morte de cruz. Rezou sempre e foi fiel, por isso, Deus o ressuscitou dos mortos e lhe deu uma vida nova.

1 – E eu? Amo a Deus como meu Pai? Ele está em primeiro lugar em minha vida?

2 – Faço sua vontade ou só me lembro dele quando quero que ele faça a minha vontade?

3 – Rezo sempre? Tenho dedicado a Deus o meu tempo e a minha vida?

4 – Guardo o domingo como o dia do Senhor? Encontro-me com Ele na Santa Missa ou alguma celebração dominical? Tenho faltado à Santa Missa sem motivo sério?

5 – Procuro ler e/ou ouvir a Palavra de Deus e meditá-la todos os dias, afim de vive-la?

6 – Recebi algum sacramento sem estar devidamente preparado(a)ou em pecado?

7 – Busco conhecer melhor a minha fé e viver de acordo com ela? Deixo-me atrair por outras religiões, seitas, ou crenças e superstições?

8 – Jurei em vão, blasfemei contra a Deus ou coloquei nele a culpa por coisas que não deram certo em minha vida?

9 – Valorizo e participo da minha comunidade de fé? Faço a Deus o meu ato de gratidão, devolvendo-lhe o Dízimo?

 

Eu e a Comunidade:

Jesus veio ao mundo para servir e não para ser servido. Acolheu todos sem discriminação ou julgamento. Ensinou seu caminho, curou quem sofria e perdoou até na cruz. Rejeitou a violência. Ofereceu a própria vida para que nos reconciliássemos com os irmãos e com Deus. Ressuscitou e permanece vivo entre nós para que o sigamos e formemos sua Igreja.

1 – Em minha família, no trabalho, na escola, minha vida tem sido um serviço para os outros? Dou testemunho da minha fé?

2 – Procuro aceitar as pessoas do jeito que são ou procuro moldá-las a meu modo?

3 – Provoco brigas, inimizades e até violência dentro de casa e com outras pessoas?

4 – Amo os outros como a mim mesmo? Tenho perdoado as pessoas que me ofendem? Guardo ódio, rancor, desejo de vingança em meu coração?

5 – Confio nos meus pais/filhos? Ajudo-os em suas necessidades? Educo meus filhos na fé, conforme prometi no meu casamento?

6 – Interesso-me pela Catequese de meus filhos? Oriento os meus filhos quanto ao que se vê na televisão e na internet? Converso com eles sobre suas companhias, sobre o perigo das drogas, sobre o fazer, o modo de se vestir e o modo de agir com as pessoas? Apoio-os na descoberta de sua vocação?

7 – Sou fiel ao meu esposo (à minha esposa)? Ou cometo adultério? Sou capaz de pedir e dar o perdão?

8 – Sendo batizado, sinto-me concretamente responsável pela minha comunidade, pela minha Igreja? Participo ativamente da vida comunitária?

9 – Faço algum trabalho pastoral em minha Paróquia? Colaboro com algum trabalho voluntário, de alguma forma?

10 – Falo mal da Igreja como se dela não fizesse parte?

11 – Valorizo os sacramentos como sinais de Jesus Ressuscitado para a minha salvação? Tenho participado frequentemente dos sacramentos da Eucaristia e da Reconciliação?

12 – A confissão está me ajudando a ser uma pessoa melhor, a me converter mais um pouco e fazer a minha comunidade mais santa?

 

Eu e a Sociedade:

Jesus jamais se deixou corromper pelo poder, pelo ter ou pelo prazer. Não quis tirar vantagem e nunca fez conta da sua posição social. Não buscou honrarias. Buscou valores mais profundos. Ensinou a tomar o último lugar e sentir a grandeza de ser o primeiro a servir. Amou a todos mas teve predileção pelos pequeninos e pobres da sociedade.

1 – Vivo em uma sociedade caracterizada pela corrupção e pela injustiça. Qual é a minha postura diante desta realidade?

2 – Tento tirar minhas vantagens? Sou corrupto, desonesto, desleal?

3 – Procuro ajudar os outros ou me aproveito deles?

4 – Julgo aqueles que se aproximam de mim e me solicitam ajuda? Sou egoísta, vivo dó pensando em mim?

5 – Meu coração é sensível à situação dos pobres?

6 – Deixo me levar pela ganância do dinheiro? Trapaceio? Passo os outros para trás? Pago meus empregados com justiça? Retribuo ao meu patrão com o trabalho pelo qual ele me paga?

7 – Deixo de pagar minhas dívidas? Devolvi o que me emprestaram ou o que achei? Cobrei por meu trabalho preço acima do valor real?

8 – Gosto das aparências e gasto dinheiro em coisas supérfluas? Tenho inveja? Cobiço as coisas do próximo?

9 – Participo de palestras, mesas redondas, grupos de discussão que buscam melhorar a vida social? Sou solidário na luta por justiça social?

10 – Preocupo-me com o bem comum, com o direito e a cidadania? Voto conscientemente?

11 – Discrimino e condeno os sem-terra, sem-teto, mulheres marginalizadas, negros, indígenas, pobres, mendigos, etc?

12 – O que eu tenho feito para melhorar a vida dessas pessoas? E para resgatar a dignidade dos idosos, crianças, marginalizadas, encarceradas e tantos outros?

13 – Partilho com Deus e com meus irmãos o sonho de uma sociedade justa e solidária, sinal do Reino de Deus? Luto para que o Reino de Deus se torne realidade?

14 – Eu protejo o meio ambiente, a Criação de Deus? Pratico a reciclagem do lixo doméstico? Uso os recursos naturais de forma consciente e responsável ou desperdiço água, jogo lixo na rua, entulho nas calçadas, poluo rios, lagos e mares?

 

A confissão

Tendo feito um profundo exame de consciência, é bom elencar mentalmente os pecados cometidos e deles se arrepender com sinceridade. Só então, chegou a hora de procurar o padre ao qual você irá confessar-se.

 

Saudação Inicial: Como toda celebração, também a Confissão tem inicio com a saudação Trinitária e a informação ao padre de quando foi a sua última confissão, ou seja, há quanto tempo você não se confessa.

Acusação: É o momento em que você vai dizer ao padre os pecados cometidos e sua intensidade.

Aconselhamento: O padre, se achar necessário, aconselhará a você a respeito de como progredir na vida cristã e vencer determinados pecados.

Ato de contrição: É uma oração aprendida ou espontânea que você fará dizendo a Deus seu arrependimento pelos pecados cometidos e sua disposição de não tornar a pecar. Exemplos:

1 – “Senhor Jesus Cristo, Cordeiro de Deus que tirais o pecado do mundo, dignai-vos reconciliar-nos com vosso Pai pela graça do Espírito Santo; purificai-me, em vosso Sangue, de todo pecado, e fazei-me renascer para uma vida nova a fim de proclamar a vossa glória.”

2 – “Meu Deus, tende misericórdia de mim na vossa humildade: desviai a vossa face dos meus pecados, apagai a minha iniquidade, criai em mim um coração puro, e dai-me um espírito reto.”

Penitência: Após o ato de contrição, o padre lhe proporá um exercício que demonstre sua gratidão pelo perdão e sua disposição para uma vida nova.

Absolvição: Em seguida, impondo-lhe as mãos, rezará a fórmula de absolvição:

“Deus, Pai de misericórdia, que pela morte e ressurreição de seu filho reconciliou consigo o mundo e enviou o Espírito Santo para a remissão dos pecados, te conceda, pelo ministério da Igreja, o perdão e a paz. E eu te absolvo dos teus pecados, em nome do Pai + e do Filho + e do Espírito Santo. Amém!

 

Depois da Confissão, não se esqueça de agradecer a Deus pelo seu perdão e sua misericórdia manifestados a você nesse sacramento. Reze, por exemplo, o Salmo 32.