Na metade do século XIX, o Vale do Paraíba era conhecido por sua grande produção de café; consequentemente havia uma grande concentração de trabalho escravo, pois as plantações cafeeiras eram de grande valor econômico para o país.
Com os escravos evangelizados, veio à devoção a Nossa Senhora do Rosário e a São Benedito, santos cultuados com grande amor e carinho por toda a população negra que se identificava profundamente com o Santo negro e a mãe de Jesus.
Estávamos no ano pós – guerra de 1945 quando, foi inaugurada a Capela de São Benedito, grande feito da Comunidade local que não mediu esforços para concretizar o sonho de muitos, num grande mutirão de pessoas, materiais e sobretudo de doação e generosidade, surgia ali, a Capela de São Benedito, inaugurada no último domingo do mês de julho daquele ano, uma nova história de devoção e amor a São Benedito; homem simples e humilde que com seu exemplo de santidade comoveu a todos, levando a Comunidade a ter por ele uma grande devoção, fato que se espalhava por toda a cidade.
Muitos anos se passaram e aquela Igreja se tornou pequena, diante da grande devoção e relatos dos milagres realizados pelo Santo negro. A possibilidade de demolir a pequena capela causou divergências, hostilidade e desencontros; porém, uma Comissão de Obras foi formada para idealizar o corajoso projeto de erguer naquele local um grande Santuário em honra a São Benedito, corajoso, por quê? Quebrava vínculos com o passado, mas projetava para o futuro, uma realidade mais apropriada para acolher os devotos do Santo Cozinheiro.
Hoje, o Santuário São Benedito é uma feliz realidade, e por vezes até pequeno para acolher tantas pessoas que recorrem ao Santo Padroeiro. Hoje a nossa luta é outra, fazer com que os valores e as virtudes que São Benedito, vivia e acreditava sejam também os nossos.
Hoje para nós, agentes da Comunidade a prioridade é a de construir em cada coração, um Santuário Vivo; onde Deus habite e consequentemente reine a paz o amor e a unidade.
No dia 31 de janeiro de 1967, nós da Estiva e bairros adjacentes recebemos a feliz notícia, do então bispo diocesano da diocese de Taubaté D. Francisco Borja do Amaral, do decreto da criação de três novas paróquias: a Paróquia São José Operário; Paróquia Menino Jesus e a nossa querida Paróquia Nossa Senhora Mãe da Igreja. Foi a realização de um grande sonho.
Descreveremos a seguir os primeiros passos dados em preparação e organização para a nova paróquia. Foi entregue ao Sr. Bispo o pedido feito pela comunidade para que se criasse a paróquia e no primeiro momento a igreja matriz seria a do São Benedito. Como na época a igreja era um tanto pequena, optou-se pela igreja (hoje comunidade) Santa Cruz, por ter sido reformada e ampliada, porém como matriz provisória.
A paróquia nascente, Nossa Senhora Mãe da Igreja contava com um território bastante amplo, pois seria composta de parte da Paróquia Nossa Senhora do Rosário (Santa Terezinha) do então pároco, Côn. Cícero de Alvarenga Peixoto e parte da Paróquia Santíssima Trindade (Nossa Senhora das Graças), do pároco na ocasião Côn. José Luiz Pereira Ribeiro.
Antes da criação de nossa paróquia, comunidades como São Benedito, São Sebastião e a atual Santa Cruz já eram atendidas com missas aos domingos.
A comunidade Santa Cruz (Igreja de Santo Antônio, como era chamada na época) e a Comunidade Santa Fé eram atendidas pelos frades do convento Santa Clara. São Benedito era atendida principalmente por padres diocesanos, como o Côn. Ismael, Pe. Clair Pedro de Castro, Côn. Manuel Azeredo de Brito, Pe. Gravina, entre outros.
Na comunidade São Sebastião se faziam presentes com frequência os padres do Sagrado Coração de Jesus, revezando vez ou outra por padres diocesanos. A partir de 1962, a comunidade teve como capelão fixo o Pe. Dr. Geraldo Rodrigues de Oliveira (que faleceu nesse mesmo ano) e Côn. Ismael Dias Monteiro, que atendeu até a sua morte em 1980.
Há que se destacar que, mesmo antes da criação de nossa paróquia, nossas comunidades já eram atendidas pelos fratres do Conventinho Sagrado Coração de Jesus.
Comunidades que fariam parte da paróquia nascente: São Francisco Xavier (Monção), hoje pertencente à paróquia Santíssima Trindade; Santa Fé; São Benedito; Santa Cruz; São Roque; São Sebastião, Nossa Senhora Aparecida (várzea) e Santa Isabel, que contava com uma capela no interior de uma chácara conhecida como chácara das freiras.
Para dar prosseguimento aos trabalhos, planejamento e execução, criou-se uma comissão que tinha como presidente o Sr. Edson Ribeiro e demais componentes: Sr. Geraldo Alarcão, Sr. Luiz de Paula e Sr. Alberto Gomes, que se reuniram diversas vezes com os representantes das capelas para tomarem as providências em preparação à instalação da paróquia e posse do Vigário Ecônomo (como era chamado na época) Pe. Benedito Gil Claro.
Ao ser criada, a nossa Paróquia, em 12 de fevereiro de 1967, tomou posse como primeiro pároco o Pe. Benedito Gil Claro. A sua chegada se deu no local onde hoje se encontra o cruzeiro, no início da rua Izaltina R. dos Santos. Nesse local, o pároco foi recebido pelas comunidades e seguiram em caminhada até a Igreja Matriz, atual comunidade de Santa Cruz.
Uma marca de nossa paróquia no início de sua caminhada foram as procissões que saíam das comunidades em direção à Igreja Matriz, principalmente, na ocasião da Festa da Padroeira. Serão sempre lembradas, em especial, a procissão luminosa, na qual os paroquianos traziam nas mãos tochas confeccionadas com bambu e dentro dele uma estopa embebida em óleo onde se colocava fogo. Outra procissão marcante foi a dos carros alegóricos, na qual cada comunidade trazia figurantes das mais diversas profissões sobre os carros, sempre em direção à Igreja Matriz. Há que se salientar que, nessa época, final dos anos 60 e início dos anos 70, nossas ruas e avenidas tinham um fluxo de veículos muito pequeno, que não se compara com o momento atual.
A criação da Paróquia aconteceu logo após o término do Concílio do Vaticano II e, nesse espírito de uma Igreja que se renova, iniciou-se a nomeação e organização das comunidades bem como a conscientização do “termo” comunidade. O primeiro pároco tinha o costume de visitar periodicamente as comunidades e, durante essas visitas, eram realizadas reuniões com os mais diferentes membros da comunidade e eram tratadas questões tanto em nível paroquial quanto comunitária.
Nesse período, ocorreram várias adaptações litúrgicas, tendo em vista as orientações conciliares. Antes do concílio, os leigos não faziam leituras nas Celebrações Eucarísticas e, um dado curioso foi que a primeira mulher a fazer leitura numa missa em nossa Paróquia foi a Dona Lourdes, hoje, colaboradora na secretaria paroquial.
Nossa Paróquia mantém uma tradição que é a Romaria Anual à Aparecida. A primeira romaria aconteceu quando a Paróquia completou seu primeiro ano de existência, celebrando o aniversário, junto à Padroeira do Brasil. Desde então, todos os anos é organizada a romaria, que conta com a presença de paroquianos de todas as nossas comunidades.
Em nossa caminhada paroquial foram inúmeras as iniciativas que facilitaram a Evangelização e a criação de uma “Igreja Viva!”. Foi nessa linha de pensamento que, em agosto de 1973, realizaram-se na paróquia as inesquecíveis Missões Redentoristas. Com algum tempo de antecedência às missões propriamente ditas, aconteceu a pré-missão, que tinha como objetivo organizar os trabalhos tais como indicação de coordenadores e auxiliares (de setor), equipe de divulgação, locais para alojar os missionários e preparar estrutura de cozinha e equipe de cozinheiros. As comunidades foram organizadas em setores e, aquelas que eram muito próximas foram unidas numa única comunidade. Uma marca característica das missões era o encontro nas famílias, quando a maioria das residências foram visitadas. Naquela época, era de praxe realizar as missões em nível de “cidade”, foi aí que valeu a insistência do então pároco Pe. Gil, para que se realizasse somente em nossa paróquia, e deu muito certo. Também foi marcante o nascimento das comunidades com a característica que perduram até hoje. Com o advento das missões, foi criada a comunidade São Geraldo Majela, que teve sua primeira capela no local de hoje funciona o centro de Pastoral Padre Dehon.
Ao fazermos o resgate desses 50 anos de história, também foi lembrada a “Novena Perpétua”de Nossa Senhora Aparecida que acontecia às quartas-feiras às 15h com a presença considerável de fiéis.
O título de Nossa Senhora Mãe da Igreja para todos nós era algo novo e não conhecíamos a imagem que o representasse, por esse motivo, a primeira imagem que foi venerada em toda a paróquia foi a de Nossa Senhora Aparecida.
Pouco tempo após o encerramento das missões, nossa paróquia recebeu uma equipe de irmãs (freiras) que trabalhou com as comunidades por um período e realizou a “Semana Bíblica”. Dentre alguns frutos “pós-missão”, destacamos o nascimento das lideranças, a catequese foi revigorada dada a motivação dos catequistas, nasceram novos grupos de jovens e o despertar para uma maior conscientização política, visto que vivíamos o período da ditadura militar.
A maioria das nossas comunidades já tinha sua caminhada com a estrutura da época e são elas: S. Francisco Xavier (atualmente pertence à Paróquia S.S. Trindade), São Sebastião, São Roque e Nossa Senhora Aparecida (em 2010 ocorreu o desmembramento da paróquia e foi criada a Paróquia S. Sebastião à qual as três comunidades pertencem atualmente).
Atualmente, a Paróquia Nossa Senhora Mãe da Igreja é constituída pelas comunidades Santa Cruz, Santa Fé, Menino Jesus de Praga, São Benedito, Santa Isabel, São Geraldo Majela, São João Evangelista, Cristo Rei e São José – as quatro últimas nasceram com as missões, ou pós-missões.
No ano 1976 o Pe. Gil Claro foi transferido de nossa paróquia e, por um período fomos assistidos pelo então pároco da paróquia Nossa Senhora da Conceição (Quiririm), Pe.Lauro Rosá. Posteriormente, por indicação do Sr. Bispo Dom José Antonio do Couto, tomou posse como pároco o Pe. Armindo Antonio Kunz, o segundo pároco que caminhou conosco entre 21/01/1979 a 31/01/1999. Nesses 50 anos de história, Deus nos deu a graça de termos os seguintes párocos: Pe Gil Claro; Pe. Armindo; Pe. Giovani Pontes; Pe. Emerson e Pe. Octaviano. Padres que serviram a Paróquia como vigários e/ou auxiliares nesse período: Pe. Emilio, Pe. Pedro Brentano, Pe. Floriano, Pe. Serginho Vale, Pe. Mariano, Pe. Paulo Hulse, Pe. Gilberto Heleno, Pe. Darci Dutra, Pe. José Schmitt, Pe. Antonio Kopitsk, Pe. Sebastião Pitz, Pe. Geovane Inácio, Pe. Messias, Pe. João Selhorst, Pe. Toninho, Pe. Fábio Lopes, Pe. Flavio, Pe. Carlinhos, Pe. Marcelo Reis, Pe. Fábio da Hora, Pe. Lotívio Antônio, Pe. Mario Marcelo, Pe. Marcelo Batalioto, Pe. Rafael Querobin, Pe. Cleber Sanches e muitos fratres do Sagrado Coração de Jesus entre eles: Ivo Ritter, Rudi, José Schmitt, Jacinto, Odilo, João Back, Dionísio, Geraldo, Osvaldo, Anésio, Ubirajara, Willyans, Inaldo, Elinton, André Luis, José Ronaldo, Mário Tito, Juarez, Ivo Almani, Genilson, Luiz Fernando, Jaime, Marcos César, Djalma, Carlos Roberto, Vagner, Silvano, Ademilson, Ronaldo, João Luiz, Alexandre, Éderson, Irineu, Gilmar, Eligio, Anderson, Miguel, Rodinei, Dilli, Lucas Mello, Robson, Valdemar, Vagno, João Batista, Adriano, Juliano, Claudinei, João Luis, Edmundo, Rômulo, Luiz Cláudio, Reginaldo, Agenor, Gilberto, Adalto, Sildo, Diomar, Nilson, Lindolfo, Magnos, Darildo, José Valdinã, Cleiton, Thomas, Reges, Bruno, e demais seminaristas da Diocese de Campanha e da Arquidiocese de Pouso Alegre.
Aos que este nosso DECRETO virem, saudação, paz e benção do Senhor.
Fazemos saber que tendo Nós deliberado criar uma nova Paróquia nesta episcopal cidade, tendo sido cumpridas as prescrições do cânones 1427-1428 do Código de Direito Canônico: Havemos por bem desmembrar da paróquia da SS. Trindade e da paróquia Nossa Senhora do Rosário o território abaixo indicado e nele pelo presente DECRETO erigir e canonicamente instituir uma nova paróquia, juridicamente amovível, de acordo com o Canon 445 § 3º e que funcionando provisoriamente na Capela de Santa Cruz do Bairro da Estiva, se denominará “PARÓQUIA NOSSA SENHORA MÃE DA IGREJA”.
As divisas da nova paróquia são as seguintes: Começa no aterro da prefeitura na margem do Paraíba, onde o córrego Ribeirão Grande se lança no Paraíba, sobe por este ribeirão até encontrar o seu afluente, continua a seguir o curso do córrego até a rua Vila Velha que é cortada pelo aludido córrego, pouco adiante da rua 9 da Vila Albina; segue pela rua Vila Velha até a rua José Domingues Ribas e toma em seguida a rua da Monção, junto ao leito da Estrada de Ferro Central do Brasil, segue pelo leito da Estrada de Ferro até o cruzamento da antiga estrada de rodagem São Paulo e Rio, hoje com os nome de Carlos Schneider e rua do Quiririm, segue pela estrada São Paulo e Rio até o ribeirão do Pinhão na divisa com Quiririm, divisa que permanece inalterada, desce o ribeirão do Pinhão até o rio Paraíba, continua descendo o rio Paraíba até o ponto de partida, isto é, no ponto em que o ribeirão Grande entra no Paraíba, junto ao aterro da Prefeitura.
Todo o território à margem direita do ribeirão Grande do aterro da prefeitura, do córrego afluente do ribeirão Grande e do eixo das ruas Vila Velha, José Domingues Ribas, da rua da Monção e do leito da E.F.C.B., da estrada São Paulo e Rio, do Ribeirão do Pinhão e do Rio Paraíba até o aterro da prefeitura, ponto de partida da divisa fica pertencendo à nova paróquia de Nossa Senhor Mãe da Igreja.
Concedemos à Igreja em que vai funcionar provisoriamente a nova paróquia os direitos de Matriz, com plena faculdade para ter Tabernáculo em que se conserve o SS. Sacramento da Eucaristia com o necessário ornato decência e com lâmpada acesa de dia e de noite, bem como faculdade para se estabelecer o Batistério e pia batismal, para ter Livro de Tombo, e de registros de batizados, Crisma, Matrimônios, óbitos e de Inventário e de todos os demais direitos, honras e distinções de uma Igreja paroquial.
Damos portanto, por erigida e canonicamente instituída nesta cidade episcopal a nova paróquia acima descrita, devendo ser celebrada anualmente com muita solenidade a festa da gloriosa Patrona Nossa Senhor Mãe da Igreja.
Fica esta paróquia pertencendo ao Decanato da SS. Trindade e submetemos à jurisdição e ao cuidado espiritual do vigário que para ela for nomeado e dos que canonicamente lhe sucederem os habitantes daquele território, aos quais pertencendo cuidar das necessidades do seu legítimo pastor, de acordo com o canon1 500: Mandamos que tanto para o Revmo. Vigário como para a fábrica da Igreja contribuam religiosamente com os emolumentos, oblações e benesses que lhe sejam concedidos pelos Estatutos, Leis e pelo Sínodo desta Diocese.
Este decreto será lido à estação da Missa paroquial no próximo domingo, tanto na Igreja Matriz da nova paróquia, bem como na Matriz SS. Trindade e paróquia Nossa Senhora do Rosário do que se passará certidão em seguida a este Decreto, para em todo tempo constar, depois do que será registrado no livro de Tombo da nova paróquia, da paróquia da SS. Trindade e paróquia Nossa Senhora do Rosário e ainda no livro competente de nossa Cúria Diocesana.
Dado e passado nesta cidade de São Francisco das Chagas de Taubaté, sob o nosso sinal e Selo das Nossas Armas aos 25 de dezembro de 1966.
Eu Monsenhor Theodomiro Lobo, Chanceler do Bispado, o subscrevi.
Dom Francisco Borja do Amaral – Bispo Diocesano